Agora eu vou explicar a origem dos índigos e dos babacanandas, a qual remonta a eras muito longínquas, antes mesmo da inauguração oficial do universo.
Nessa época, existia apenas um único reino, que era chamado de Quintessência do Karalhananda. Tudo estava em paz, na maior tranquilidade, pois o imperador, cujo nome era Rama Krishnanada, governava os seus súditos com pulso firme, não deixando ninguém sair da linha. Eis que num infeliz dia, um infeliz dos seus soldados, conhecido como Lindo Pa Karamba, que inclusive era originário de uma terra muito distante dali, e tendo como conivente o seu companheiro fiel, cujo cognome era Aurobilolado, resolveu, esse meliante, assediar a princesa Pittu Shashá, à qual os soldados se referiam carinhosamente como a "Pitushinha". Mas, o imperador Rama, com sua sabedoria inata, não demorou muito até descobrir que havia acontecido este crime dentro do palácio real. O imperador chamou os dois crápulas à sua presença, e citou-lhes como sentença terem que encarnar em inúmeras reencarnações. Lindo Pa e Auro tiveram assim que ser expulsos do reino de Karalhananda, e foram obrigados a viver no meio do lodo das regiões umbralinas por muitas e muitas eras. A única coisa boa que restou para eles, vivendo nessas regiões, era a forte amizade de um para com o outro, que se referiam mutuamente como "amoroso amigo extrafísico".
Prescrito o período daquela pena, eis que o imperador Rama Krishnanada chama os dois novamente à sua presença, para um novo julgamento em segunda instância. Como os Juizes Espirituais tinham entrado em recesso durante toda aquela era, por excesso de trabalho na era anterior, o imperador se viu obrigado a julgar-lhes utilizando apenas o seu próprio juízo, se é que ele tinha algum. A maioria dos habitantes de Karalhananda achava que o imperador, por causa da sua conhecida benevolência e sonolência, iria libertá-los definitivamente. Entretanto, para surpresa dessa maioria, o imperador Rama Krishnanada retirou a sua espada da sua bainha azul, e degolou os dois delinquentes com um único golpe. Não satisfeito ainda, o imperador fez questão de retirar, utilizando o seu sabre afiado e de um azul metálico, as cordas vocais de suas gargantas. Ainda não obtendo satisfação, o imperador pegou a sua biga e deu um rolé pelo reino com a sua espada levantada por uma das mãos, enquanto a outra segurava aquelas cordas vocais assassinas. Os que eram contrários àquele ato, nem saíram de casa para ver o imperador que passava com a sua biga a bradar: "Tem minhoca nesse buraco!". Por outro lado, aqueles que eram a favor não hesitavam em ir ver o imperador passar, e gritavam também: "Tem minhoca nesse buraco!... Tem minhoca nesse buraco!".
Essa divisão de opiniões gerou futuramente uma série de conflitos e trocas de reinados, até que um dia o Rei Universal, já de saco cheio após tanta guerra, resolveu separar aquela tribo em duas outras, finalmente assim, "ufa!", dando origem aos Índigos e aos Babacanandas.
Cada tribo passou a ter a sua própria eletrosfera celestial. Os índigos foram para um lugar que hoje é chamado de Indigonádia (de "índigo nada": inexistente, desprezível; ou "indignado", no masculino singular). Já os babacanandas foram para uma eletrosfera "vip" bem pertinho do céu, e conhecida com o nome de Shivana Maha (derivado de "Shiva na marra", à força).
À medida que o tempo foi passando, cada tribo foi adquirindo as suas próprias idiossincrasias. Os indigozinhos são hiperativos, preocupados com o bem-estar social e não toleram injustiça. Já os babacanandazinhos não estão nem aí para nada, não se preocupam nem em ir à escola, enquanto que o indigozinhos se faltassem um dia ficariam preocupados a semana inteira. Os babacanandazinhos só querem mesmo é ficar sentados, rezando e implorando para o nosso papai celestial levá-los ao parquinho divino, para lá poderem se divertir até se esbaldarem com a enorme quantidade de brinquedinhos que existe lá. E o pior é que todos esses brinquedinhos são movidos à energia do pensamento, e não da justiça. Isso é uma das coisas que mais deixam os indigozinhos revoltados, pois eles tem ciência de que brincadeira tem hora, e de que eles são crianças mas nem tanto. Quando os babacanandazinhos não estão no parquinho, eles estão meditando, passando até dias a fio tentando paralisar as suas mentes; e a maioria deles acaba conseguindo realizar esse intento.
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