06 março 2014

A BÍBLIA E SUA APOLOGIA AO ALCOOLISMO

A Bíblia, como todo mundo sabe, é o livro mais famoso da humanidade, é o mais lido, e é o alicerce do cristianismo, sendo por isso considerado um livro sagrado e muito respeitado por todos os cristãos e pela maioria dos não cristãos também, apesar de que de certa forma ele poderia ser visto como bastante pessimista, demodê, completamente inadaptado aos tempos atuais, totalmente fora do contexto do pensamento e do modo de vida do homem contemporâneo, e, além de tudo, ele ainda é apologético de uma das piores drogas, que é o álcool, que provoca milhões de mortes todos os anos no mundo, devido aos efeitos catastróficos que o álcool tem no nosso organismo, sem contar os que morrem em acidentes de trânsito devido a ele.

Na Bíblia, encontram-se mais de 200 citações da palavra "vinho", e, além de não proibir o seu consumo, ela chega até a ter a ousadia de incentivá-lo. Por exemplo, em Provérbios, no capítulo 31, o versículo 6, diz o seguinte:

"Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito."

E no versículo 7, está escrito ainda:

"Que beba, e esqueça da sua pobreza, e da sua miséria não se lembre mais."

Bom... se isso não é apologia ao alcoolismo, então eu não sei mais o que é apologia e nem o que é alcoolismo.

Apesar de que só o primeiro milagre de Cristo, que foi a transformação de aproximadamente 600 litros de água em vinho, em uma festa de casamento por ter o vinho acabado, já bastaria para servir de incentivo ao consumo de bebida alcoólica na nossa sociedade; para que o álcool fosse considerado, até hoje, a única droga lícita, a única droga que os seus usuários podem consumir livremente sem serem taxados de criminosos como acontece com as outras drogas. Essa inversão de valores podemos atribuir como causa, mesmo que indiretamente, à própria Bíblia, ao cristianismo. Por que quem consome álcool é muitas vezes considerado virtuoso e estiloso, ao passo que, por exemplo, quem consome cannabis é considerado criminoso e horroroso, pela nossa sociedade ocidental? E se naquela região e naquela época em que Cristo viveu, ao invés do vinho ser a droga do momento, fosse a cannabis? Será então que ele transformaria capim em maconha?

Na realidade, está bem claro aí que Jesus utilizou os seus poderes paranormais nessa transformação apenas como um instrumento de marketing da sua doutrina. Que necessidade premente é essa de se materializar bebida alcoólica em uma festa? Isso só teria alguma lógica se considerarmos que Cristo tinha consciência de que se tirássemos as suas demonstrações de poder psíquico não sobraria nada no cristianismo, e assim a sua passagem pela Terra seria esquecida em pouco tempo. Mas, na minha opinião, tudo isso não passou de uma grande criancice; e se Deus, o criador do universo, participou disso, eu considero ele o mais criança de todos, mesmo considerando toda a complexidade e a aparente seriedade da sua criação. É preciso dizer também que a Bíblia é um livro inconsequente e imoral, que vem erroneamente querendo ditar, por milênios, a moral de toda uma civilização.

Entretanto, é preciso esclarecer que as religiões, de um jeito ou de outro, sempre estiveram ligadas às drogas; porém, mais comumente, às chamadas drogas enteógenas, utilizadas quase sempre apenas durante os seus rituais. Esse termo "enteógeno" é um neologismo derivado da palavra inglesa "entheogenic", e designaria um tipo de substância com capacidade de produzir uma alteração de consciência que induziria no indivíduo um estado de autopercepção da sua "natureza divina". Como exemplos disso, nós podemos citar os sadhus na Índia, que usam o haxixe; os rastafaris, na Jamaica, que utilizam a cannabis, na sua forma original, sem o processamento que leva ao haxixe; tem os xamãs, na América do Sul e na América Central, que empregam o peiote, o cacto São Pedro, os cogumelos alucinógenos, a sálvia divinorum, entre outras drogas, também chamadas de "plantas de poder"; inclusive o ayahuasca, que foi incorporado à doutrina brasileira conhecida como Santo Daime; e, por último, podemos citar também a jurema, que é utilizada na umbanda e no candomblé. Ao dizer isso, eu não estou querendo fazer apologia a essas drogas, longe disso. Além do quê, eu não aconselharia ninguém a usar essas drogas enteógenas, principalmente se elas forem utilizadas fora desse contexto que nós estamos tratando aqui, ou seja, se elas forem usadas apenas de modo recreativo e sem ter, por perto, uma pessoa experiente nesses assuntos para dar um suporte, já que essas drogas enteógenas colocam o indivíduo cara a cara consigo mesmo, e é muito difícil essa experiência, porque, como elas funcionam como uma lente de aumento do nosso subconsciente, elas podem provocar a erupção de sentimentos e sensações bastante indesejáveis, e podem mostrar para a pessoa facetas dela própria que ela nem sonhava que existiam dentro dela; ela se vê obrigada a encarar as suas próprias mazelas mentais e espirituais, e isso é muito complicado, é uma experiência muito forte, que geralmente leva ao que é chamado de "bad trip", de viagem ruim, fazendo com que a pessoa fique com a cabeça meio "dançada", como se diz na gíria, e às vezes até de modo permanente.

O ideal mesmo, na minha opinião, é viver sem precisar usar droga nenhuma. E a Bíblia, como sempre, para conservar a sua tradicional ligação com o azar, com a má sorte, com o mau agouro, resolveu, desgraçada e azaradamente, usar o álcool como a sua droga modelo, que, ao contrário das drogas enteógenas, ao invés de fazer o pensamento evoluir, de criar a introspecção, a autoanálise, faz justamente o oposto; o usuário do álcool geralmente acaba se transformando em um idiota, sem contar os graves prejuízos que o álcool traz ao nosso organismo, principalmente ao fígado, que é o primeiro órgão a ser sacrificado.


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