13 dezembro 2014

OS ANJOS E SUAS TRAPALHADAS

Os anjos são mensageiros divinos e servem de interface entre Deus e os homens. O Arcanjo Gabriel é um deles, e a sua autoridade teve um papel importante no advento de duas das maiores desgraças do nosso planeta: o cristianismo e o islamismo, cometendo assim dois grandes crimes contra a humanidade. Com tantas possibilidades interessantes e inteligentes de nos ajudar, ele preferiu logo a pior de todas, que é a senda religiosa. Mas como que um anjo, com tantos poderes, não teve o poder da visão a longo prazo dos efeitos nocivos das suas trapalhadas?! E se Deus esteve envolvido mesmo com esses acontecimentos, e deu suporte a tudo isso, então ele é o maior culpado de todos.


Primeiro vem o cristianismo, que transforma os seus fiéis em mortos-vivos, verdadeiros zumbis, que negam o corpo, seus desejos e instintos, por força de uma moralidade absurda e infantil, e de uma verdade improvável e contrária à natureza do Universo sobre a existência de um Céu e de um Inferno, e, para piorar, alcançáveis somente após a morte; se transformando assim em um estorvo psicológico, fazendo com que o cristão se torne um escravo de si mesmo e impedido de viver o presente em toda a sua plenitude, de forma livre e feliz, já que não pode haver felicidade plena onde inexiste a liberdade.


Depois vem o islamismo... que dispensa comentários.








07 dezembro 2014

DEUS E AS FORMIGAS

Qual a importância da existência ou não de Deus?
Ele existindo ou não, vamos perder todos aqueles que amamos, todos vão morrer e virar poeira a 7 palmos debaixo da terra, inclusive nós mesmos. Se Deus é bom, imagina então se não fosse.

Deus existe, é claro. Mas vamos supor que, de repente, por algum motivo qualquer, ele deixasse de existir. Nesse caso, ninguém perceberia a falta dele, a vida aqui na Terra e tudo no universo permaneceriam do mesmo jeito que sempre foram, os homens bons continuariam praticando a bondade e os maus a maldade. Assim, a inexistência de Deus não afetaria em nada a sua Criação, porque a sua existência também não produz nenhum efeito nela. Mas, existir dessa forma, sem causar nada, não é o mesmo que estar morto?! Inclusive, até invisível ela já é.

Portanto, a realidade nos mostra mesmo é um Deus invisível, distante, insensível, arredio, arisco, antissocial, incompreensível, improvável, inacessível. E o que nos impede de enxergar essa realidade é o medo; o medo da ira de Deus, o medo de se sentir fora do rebanho e desprotegido, ou até o receio de ser taxado de politicamente incorreto.

Além disso, tudo na Criação é científico, tudo é físico ou químico, energia interagindo com energia, a matemática está impregnada em todas as coisas. Não existe nada na natureza que possa ser relacionado com religião, a qual não passa de uma invenção, de uma ideia; e se fôssemos humanizar Deus, ele estaria mais para cientista do que para monge, padre ou pastor. Segundo a neurociência, até o amor, e todos os sentimentos derivados dele, é o resultado de reações químicas relacionadas com um hormônio chamado ocitocina, também conhecido como a molécula do amor; sem ocitocina no seu corpo você jamais conseguirá amar, e, portanto, ao contrário do que pregam as religiões, o amor é uma coisa que não se cultiva, pois não depende da nossa vontade.

Mas tudo é relativo, e para as formigas, nós, seres humanos, também somos deuses; assim, espero que um dia deixemos de ser formigas e de achar que Deus é um deus.



01 dezembro 2014

ALELUIA, COMO DEUS É BOM!

Os textos a seguir foram extraídos da fonte primeva da palavra do Senhor, a Bíblia  o primado dos livros sagrados:

A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices.
Salmos 19:7

Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
Mateus 5:17-18

E se com isto não me ouvirdes, mas ainda andardes contrariamente para comigo,
Também eu para convosco andarei contrariamente em furor; e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados.
Porque comereis a carne de vossos filhos, e a carne de vossas filhas.
Levítico 26:27-29

E lhes farei comer a carne de seus filhos e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu amigo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida deles.
Jeremias 19:9

Samaria virá a ser deserta, porque se rebelou contra o seu Deus; cairão à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas grávidas serão fendidas pelo meio.
Oseias 13:16

Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo!
E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos.
2 Reis 2:23-24

E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão acendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão.
Então o Senhor abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes?
E Balaão disse à jumenta: Por que zombaste de mim; quem dera tivesse eu uma espada na mão, porque agora te mataria.
E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo em que me tornei tua até hoje? Acaso tem sido o meu costume fazer assim contigo? E ele respondeu: Não.
Números 22:27-30

Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado.
E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda a congregação.
E o puseram em guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.
Disse, pois, o Senhor a Moisés: Certamente morrerá aquele homem; toda a congregação o apedrejará fora do arraial.
Números 15:32-35

Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor.
Colossenses 3:18

Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça,
Então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti.
Deuteronômio 22:20-21

Disse o Senhor a Moisés: Toma todos os cabeças do povo, e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira do Senhor se retirará de Israel.
Números 25:4

E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.
E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.
Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.
Ezequiel 9:4-6







29 novembro 2014

O CÉU NÃO VAI SER UM BOM LUGAR PRA MIM

Ao analisar o vídeo abaixo, o que tenho a dizer é que tudo na Criação é científico, tudo é físico ou químico; a matemática, a física e a química estão impregnadas em todas as coisas, tanto no mundo material quanto no Astral. Tudo é energia interagindo com outra energia, não existe nada na natureza de qualquer das dimensões  ou planos de vida criados , que possa ser diretamente relacionado à religião, a qual não passa de um pensamento, é só uma forma de se pensar. Portanto, se fôssemos humanizar Deus, ele estaria mais para cientista do que para monge, padre ou pastor. Esse tratamento religioso e cheio de sentimentalismo que o famoso espiritualista e médium, Wagner Borges  assim como o Chico Xavier, o Divaldo Franco e outros , sempre dá às suas experiências é a visão particular dele, e talvez de todos com os quais ele já teve contato até hoje, mas não significa que seja a verdade absoluta, se é que exista uma verdade e se é que essa verdade tenha alguma importância, pois o Criador não deve ter nos criado para sermos escravos de alguma coisa qualquer, nem mesmo de uma verdade. Ou seja, a verdade, assim como a religião, também é uma criação mental de pessoas como o Wagner. Se devemos ou não dar crédito a esse tipo de interpretação, é uma questão particular de cada um. Eu não dou, apesar de já ter conhecimento sobre esses outros mundos e todos esses fenômenos há muitas décadas. Também não creio que a forma com que essa senhora descrita no vídeo ajuda as pessoas seja a mais eficiente; e todas essas fantasias que a envolvem, como as flores de lótus, as luzes e etc, lembram mais um parquinho de diversões, coisa de quem não tem um raciocínio muito evoluído, e gosta de trabalhar mais as formas do que o conteúdo. Como já dizia o grande filósofo Friedrich Nietzsche: "No Céu, todas as pessoas interessantes estão ausentes". Quanto ao amor, acho que deve ser esquisito senti-lo o tempo todo, talvez me incomodasse não sentir um odiozinho ou uma raivazinha de vez em quando... acho que o Céu não vai ser um bom lugar pra mim.






27 novembro 2014

RELIGIÃO PROVOCA VIOLÊNCIA

"Quando o religioso, ou o crente, se sente ameaçado por uma ideia que não combina com a dele, ou uma ideia que questiona a sua crença, ele vai se sentir ofendido, retraído e o impulso será atacar; essa é a dinâmica da violência: você tem que defender uma verdade absoluta, quem questiona e quer debater isso é um inimigo, e você precisa dar cabo desse inimigo.

A religião provoca violência, instiga aqueles instintos de autodefesa, de retaliação, que são os instintos animalescos que nós ainda conservamos.

No Evangelho de Lucas, capítulo 11 e versículo 23, só para dar um exemplo dessa tradição cristã, é o próprio Jesus que diz:

Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.

Essa frase é forte, e ela já não permite debate, não permite troca de ideias, ela suscita intolerância, como várias outras frases que nós podemos citar. Assim, essa possibilidade da violência está implícita também no discurso que alegadamente seria só pacífico, que é o caso do Novo Testamento.

Muito dessa violência que se vê na história, e que continua acontecendo, encontra respaldo nos próprios textos ditos sagrados."

Prof. Marcelo da Luz





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24 novembro 2014

A QUINTESSÊNCIA DA PUREZA DIVINA DO NÃO SEI O QUÊ

Palavras são palavras, nada mais do que palavras. O universo, a natureza, a vida, não necessitam de palavras para o seu funcionamento. O ser humano, portanto, também não precisa fundamentalmente delas, e não serão elas que transformarão o mundo, porque as palavras não são nada diante da complexidade que nos cerca, não tem nenhuma importância, não provam nada, e não mudam nada e nem ninguém. Eu conheço a Carmen Balhestero já de longa data e pessoalmente, e posso dizer que da mesma forma que ela pode fazer jorrar essa verborreia desenfreada como apresentado no vídeo abaixo, qualquer outra pessoa também pode, e daí?! A verdade não se prova com palavras, se é que existe alguma verdade para se perseguir, e se é que seja importante ou necessário segui-la se ela existir. Será que a consciência foi criada simplesmente para existir ou foi para ser escrava de alguma verdade? Eu sou muito mais eu mesmo do que qualquer Saint Germain por aí, por mais que ele tenha atingido a quintessência da pureza divina do não sei o quê.




22 novembro 2014

A EDUCAÇÃO ESTÁ PROIBIDA

"O que faz o estudante fracassar na escola?
Não é o estudante quem fracassa, é o sistema que está mal projetado.

As reformas educacionais atuais, em voga em muitas partes, estão mal enfocadas. São arranjos cosméticos do que nós pensamos que devemos melhorar na escola. O problema está no modo como concebemos paradigmaticamente a escola, é um problema de concepção básica.
As escolas da América Latina são apenas espaços de tédio e desinteresse. E eu os convido para que passemos pelas escolas para que vejamos uma caricatura que deve ser rompida..."
(do documentário "A Educação Proibida")







 

20 novembro 2014

ESTATUTO DA CRIANÇA, SEGUNDO A BÍBLIA

"O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga."
Provérbios 13:24

"Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá."
"Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno."
Provérbios 23:13-14





17 novembro 2014

A FRAGILIDADE DO CRISTIANISMO

"A prova da divindade de Jesus eram os milagres. Mas, se nós formos analisar profundamente o fenômeno, nós vamos ver que Jesus incorre, como tantos outros místicos incorreram, no engano parapsíquico. Esse engano parapsíquico seria não assumir a condição de que o desenvolvimento do parapsiquismo é algo ínsito a qualquer um de nós, é uma capacidade da consciência, é uma manifestação da consciência. Uma vez que você é capaz de se comunicar com dimensões extrafísicas, ou vivenciar uma série de fenômenos que ultrapassam a materialidade do mundo — a condição corpórea —, você faz isso enquanto é um ser que é capaz de desenvolver algo que é inerente à nossa condição. E isso não significa que o que as pessoas chamam de poderes paranormais — ou poderes espirituais, ou fenômenos extrassensoriais —, sejam uma revelação divina, ou sejam milagres; porque eles são coisas que estão dentro do próprio âmbito, da própria capacidade da nossa consciência. Então, muito da religião encontra origem na interpretação falsa de fenômenos parapsíquicos. Jesus atribui tudo o que ele faz enquanto fenômeno parapsíquico ao 'Pai', à figura de Deus, então um poder sobrehumano, e ele não leva os seus seguidores a desenvolver essas capacidades; ou, se ele faz em alguns momentos, é sempre dizendo que esse poder vem do alto. Então, as pessoas não têm condição, ou a possibilidade, de se autodesenvolverem; você sempre tem necessidade, e o cristianismo acabou fincando muito isso na consciência do mundo, de que tudo o que é bom no ser humano tem que vir de outra instância superior, que o ser humano não é capaz por si mesmo de eleger valores, de constituir esses valores e de chegar a uma plenitude — se você faz algo de bom é porque isso você recebeu."
Prof. Marcelo da Luz






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Ou seja, milagres não existem, e são um ledo engano. Levitar sobre o mar, transformar água em vinho, fazer os peixes e os pães proliferarem, curar as doenças das outras pessoas e ressuscitá-las, por incrível que pareça, são fenômenos possíveis de serem realizados por qualquer um de nós, porque a nossa natureza permite isso; desde que se desenvolva essas capacidades paranormais, geralmente através de certos estudos e práticas, isto é, de treinamentos, já bem conhecidos mundialmente. Porém, são treinamentos muito árduos, com dedicação exclusiva e que consomem muitos anos de prática.

Milagre mesmo, seria alguém conseguir fazer com que 2 + 2 fosse diferente de 4, que fosse 3 ou 5, por exemplo. Pode ter o poder que for, que ninguém conseguirá fazer isso. Essa característica matemática é um default desse universo, que já está definido desde que ele foi criado, e ninguém conseguirá modificar isso, nem mesmo Jesus, pois exigiria a construção de um novo cosmos com novas leis e características bem diferentes das atuais.

O mundo oriental encara esses tais "milagres" de uma forma bem diferente do mundo ocidental; na Índia, então, é visto com bastante naturalidade. A linha do Ioga é muito profícua nisso. Por exemplo, existiu um iogue chamado Babaji, muitíssimo famoso no meio esotérico, que demonstrou, na prática, ter tido até muito mais poderes do que Cristo nos apresentou. O famoso livro "Autobiografia de um Iogue" de autoria do Yogananda, é rico desses casos. O Sai Baba, que conseguia materializar ouro, é um outro exemplo mais recente. Entre os monges do Tibet, levitação, materialização e transformação de matéria, utilizando o poder das nossas mentes, não causa nenhum espanto. Já foram realizadas várias experiências controladas em universidades indianas, em que iogues comprovaram esses fatos, como sobrevivência após muito tempo sem se alimentar ou até permanecer enterrado em uma cova. É sabido que Cristo passou um período da sua vida estudando na Índia, o que faz bastante sentido. E é bem provável que os seus poderes paranormais tenham sido desenvolvidos dessa forma.

Jesus Cristo só não teve um poder: visão a longo prazo dos efeitos nocivos da doutrina que ele daria origem.


14 novembro 2014

A RELIGIÃO É UM MAL, TALVEZ O MAIOR DE TODOS

"A religião é intrinsecamente violenta, porque o crente, o fiel, aquela pessoa que leva adiante o credo religioso, precisa defender uma verdade, que é aquela verdade particular sobre o universo. Quando você tem que defender uma verdade, você se sente ameaçado quando ouve qualquer interpretação diferente daquela ideia que você tem, ou quando alguém apresenta um outro tipo de proposta. O fiel vai então partir para uma discussão acalourada, e muitas vezes até para a ofensa, ou simplesmente fecha as portas..."
Prof. Marcelo da Luz




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28 agosto 2014

QUANTO MAIS, TANTO MENOS

"Uma besteira repetida por milhões de bocas não deixa de ser uma besteira. A verdade não resulta do número dos que nela creem. Agradar a muitos é mau. Cada vez que te encontrares do lado da maioria, é tempo de fazer uma pausa e refletir. O que é a maioria? a maioria é tolice. Nada é mais repugnante do que a maioria. A maioria nunca está com a razão a seu lado. O bom senso sempre tem sido de poucos. A minoria pode ter razão, mas a maioria está sempre errada. Não se compare à maioria, pois, infelizmente, ela não é modelo de sucesso. A maioria das pessoas vive de convicção, e não de ideias. Portanto, é de se apostar que toda convenção aceita seja uma tolice, pois se tornou conveniente à maioria."

(coletânea de frases célebres sobre "maioria")


07 julho 2014

A MISERÁVEL E TERRÍVEL COMÉDIA QUE O CRISTIANISMO FEZ DA HORA DA MORTE

"Não se deve jamais esquecer, em relação ao cristianismo, que ele se aproveitou da fraqueza do moribundo para cometer violação da consciência, e da própria maneira de morrer, para formular juízos de valor sobre o indivíduo e seu passado!"

Crepúsculo dos Ídolos
FRIEDRICH NIETZSCHE
Editora Companhia Das Letras
pág. 84




19 junho 2014

O INCONSCIENTE

Texto extraído de uma fala do Prof. Clóvis de Barros Filho:

"Nós vamos partir de uma premissa nietzscheana, que, bem ou mal, Espinosa já tinha introduzido, e que Freud vai consagrar. E qual é a premissa? aquilo que passa pela sua cabeça, ou, se você preferir, a consciência, é a parte ínfima e menos importante, e pior, da sua psique. Eu vou repetir: aquilo que passa pela sua cabeça é a parte ínfima, de pior qualidade, e menos importante da sua psique. Então, se você acha que o que você pensa é o que passa pela sua cabeça, saiba que o que não passa pela sua cabeça é o que tem de melhor no seu pensamento. O seu pensamento é muito mais amplo do que aquilo que passa pela sua cabeça. Então nós podemos chamar isso com o nome que isso ganhou: aquilo que você pensa e que não passa pela sua cabeça é denominado de Inconsciente.

Então eu gosto de dar essa metáfora: imagine se todo o seu pensamento pudesse estar no chão de uma sala... pois então a sua consciência é uma lâmpada que ilumina, como se fosse um spot — um pequeno holofote, que ilumina e transita pela sala. Então, isso é o que está passando pela sua consciência agora, mas você continua pensando fora dali. Imagina... você pode demonstrar isso mesmo nessas psicologias de botequim: você faz uma pergunta para alguém, uma informação que a pessoa sabe mas não se lembra na hora, e de repente ela diz 'Ah!'; então o que foi? ela continuou pensando, e de repente a pessoa põe o holofote lá e ela diz: 'lembrei'. A metáfora pode ser também a da ponta do iceberg. É óbvio que o pensamento continua fora da sua consciência. É óbvio que continua fora e, então, eis aí a ponta do iceberg. Nietzsche diz em alemão: es denkt in mir, que significa algo pensa em mim. Perceba que não é 'eu penso', e sim algo pensa em mim. Isso é fundamental. Em outras palavras, o que acontece é que você não é senhor do próprio pensamento. O pensamento é uma atividade do seu corpo que transcende o seu controle consciente. Algo pensa em mim... portanto, existe uma força que pensa em mim, e que obviamente escapa à minha decisão, ao meu controle, a minha deliberação, e assim por diante. Ficou claro isso: 'Eu não sou completamente responsável por aquilo que eu penso'? Algo pensa em mim, isso é fundamental você entender.

Segundo Nietzsche, a consciência é a parte mais ínfima e a pior de tudo o que o indivíduo pensa; portanto, o inconsciente é o essencial da vida psíquica. Não existe um 'eu' arquitetando coisas, existe força que produz pensamento. Eu, quando muito, assisto o que eu mesmo pensei, e consequentemente falei. É só o seu corpo, é tudo o que é, é só a imanência do corpo, é só a força vital; é só o corpo que, enquanto movido por uma energia, tem uma competência de articulação de símbolos, é só isso. Então, não existe controle. É o que Espinosa chamava de Deus. Só que o Deus de Espinosa sou eu mesmo, é o Deus das causalidades materiais, é o Deus das coisas como elas são, é o Deus das sinapses, é o Deus da energia vital, é o Deus que pensou no meu lugar; mas não é que ele é outro em relação a mim, ele sou eu mesmo, eu enquanto corpo pensante, algo que pensa em mim. O que você poderia chamar de 'eu': a reunião de um corpo que pensa, que se movimenta, e que é movido por uma energia que oscila, e que oscila em função dos choques e dos encontros com outras energias. Não há nenhuma especificidade de você em relação a animais, plantas ou mesmo minerais.

Nesse momento valeria uma comparação com os dois outros pensadores que também são pensadores da desconfiança, da suspeita, por que pensadores da suspeita? porque suspeitam que a consciência não é senhora de si mesma, que são Marx e Freud. Se você ler Marx, você dirá: aquilo que passa pela sua cabeça é a ideologia, e essa ideologia não se explica por si só, existe um inconsciente coletivo que é determinado pelas forças de produção e pelas relações de produção. Se você ler Freud, você dirá: o que passa pela sua cabeça é a ponta do iceberg, que é determinado por um inconsciente que você não controla e do qual você obviamente não tem consciência porque senão não seria inconsciente.

Pois muito bem: qual é a diferença de Freud, Marx e Nietzsche? Porque existe uma diferença fundamental. Quando o analisando vai no divã psicanalítico e começa a falar, o freudismo tem a pretensão de estabelecer sobre aquele discurso uma espécie de verdade, é a verdade do inconsciente que emerge na análise. O analista, portanto, constrói uma gramática que relaciona o que o analisando diz com aquilo o que ele diz significa. E essa gramática é chamada de interpretação dos sonhos, e tem um lindo livro do Freud sobre isso. Então, o que é a psicanálise? é uma forma de construção de verdades sobre o inconsciente daqueles que se submetem a esse tipo de análise. Ora... e o marxismo? é a convicção de que a sociologia identificará verdades sobre o que passa pela cabeça das pessoas enquanto ideologia. Eu não sei se você percebeu, mas quando Marx e Freud analisam o discurso de alguém, eles analisam na posição de cientista, na posição daquele que sabe o que o outro não sabe, na posição daquele que sai da ilusão e chega até a verdade. No caso de Marx, isso ainda é pior. Os marxistas, além de acreditarem na verdade, são dogmáticos; não só eles sabem a verdade, como só aquela é a verdade. Nesse ponto, Nietzsche é infinitamente mais sofisticado. Por quê? porque quando você vai analisar o mundo, quando você vai analisar um discurso, diz Nietzsche: a interpretação é por sua vez interpretável, e a interpretação da interpretação também é interpretável, e assim por diante, e haverá sempre uma caverna por detrás da caverna, haverá sempre um submundo por detrás das fundações, haverá sempre interpretações ao infinito. Então, para que isso fique mais claro: imagine você no divã; você deita e começa a falar, aí vira o analista e diz: bom... eu vou interpretar o que você falou; para Freud morreu ali, para Nietzsche não. Quando o analista interpreta o que o outro falou, o que ele mesmo falou nada mais é do que o resultado das suas próprias forças vitais e, portanto, pode ser interpretado por um outro, que quando for interpretar vai falar das forças vitais dele, e quando mais um outro for falar vai também falar das suas próprias forças vitais; em outras palavras: só há interpretações ao infinito. É o que Nietzsche chama do Nosso Novo Infinito. Ele simplesmente diz: esse é o nosso novo infinito. O nosso novo infinito é isso: é o fato de que quando nós falamos sobre o mundo, o que nós falamos não é bem uma análise objetiva do mundo, mas é aquilo que as nossas forças vitais e os nossos estados de psique determinaram. E, portanto, evidentemente, quando Nietzsche escreve a sua obra, ele não diz: leia isso aqui porque isso aqui é a verdade sobre o mundo. De jeito nenhum. Melhorar a humanidade é a única coisa que você não deve esperar de mim, ele diz, isto aqui é a minha produção, isto aqui são as minhas forças. Quando o psicalista fala do discurso do analisando, não há no discurso do psicalista nem uma vírgula de verdade a mais do que o próprio analisando falou. E se um outro analista analisar a análise desse analista, também não haverá nenhuma vírgula a mais de verdade. Por quê? porque todos estarão falando apenas o que as suas forças vitais estiverem determinando. Por isso diz Nietzsche: toda filosofia é uma fachada, toda palavra é uma máscara, tudo é uma ilusão, nada mais é do que forças vitais em produção, em produção semiótica, em produção psíquica, só isso, nada mais do que isso."
— Prof. Clóvis de Barros Filho

(mais informações sobre o trabalho do Prof. Clóvis podem ser encontradas no seu site Espaço Ética)

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A teoria que Nietzsche desenvolveu sobre o inconsciente, ainda no século 19, está sendo comprovada atualmente pelas pesquisas em neurociência:



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14 junho 2014

O DEUS PREJUDICADOR

FRIEDRICH NIETZSCHE
1844-1900

Nietzsche, em Crepúsculo dos Ídolos, faz as seguintes afirmações:

"Todo naturalismo na moral, ou seja, toda moral sadia, é dominado por um instinto de vida — algum mandamento da vida é preenchido por determinado cânon de 'deves' e 'não deves', algum impedimento e hostilidade no caminho da vida é assim afastado. A moral antinatural, ou seja, quase toda moral até hoje ensinada, venerada e pregada, volta-se, pelo contrário, justamente contra os instintos da vida  é uma condenação, ora secreta, ora ruidosa e insolente, desses instintos. Quando diz que 'Deus vê nos corações', ela diz Não aos mais baixos e mais elevados desejos da vida, e toma Deus como inimigo da vida... O santo no qual Deus se compraz é o castrado ideal... A vida acaba onde o 'Reino de Deus' começa...

Dado que se tenha compreendido o caráter hediondo dessa revolta contra a vida, que se tornou quase sacrossanta na moral cristã, compreendeu-se também, felizmente, uma outra coisa: o que há de inútil, aparente, absurdo, mentiroso numa tal revolta...

Ao falar de valores, falamos sob a inspiração, sob a ótica da vida: a vida mesma nos força a estabelecer valores, ela mesma valora através de nós, ao estabelecermos valores... Disso se segue que também essa antinatureza de moral, que concebe Deus como antítese e condenação da vida, é apenas um juízo de valor da vida — de qual vida? de qual espécie de vida?  Já dei a resposta: da vida declinante, enfraquecida, cansada, condenada. A moral, tal como foi até hoje entendida  tal como formulada também por Schopenhauer enfim, como 'negação da vontade de vida' , é o instinto de decadência mesmo, que se converte em imperativo: ela diz: 'pereça ela é o juízo dos condenados...

Consideremos ainda, por fim, que ingenuidade é dizer 'assim e assim deveria ser o homem!'. A realidade nos mostra uma fascinante riqueza de tipos, a opulência de um pródigo jogo e alternância de formas: e algum pobre e vadio moralista vem e diz: 'Não! o ser humano deveria ser outro!'..."

Crespúsculo dos Ídolos
FRIEDRICH NIETZSCHE
Editora Companhia Das Letras
páginas 36 e 37

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Nos vídeos abaixo, o Prof. Leonardo Zoccaratto Ferreira nos apresenta uma excelente explanação desse pensamento nietzscheano:

Crepúsculo dos Ídolos - Parte 1


Crepúsculo dos Ídolos - Parte 2


Crepúsculo dos Ídolos - Parte 3


12 junho 2014

RELIGIÃO E ESQUIZOFRENIA

A foto abaixo mostra uma mulher hindu rezando em torno de uma árvore banyan durante ritual em que mulheres casadas pedem longa vida aos maridos, em Mumbai, na Índia.


(fonte: Folha de S.Paulo)

O que é Esquizofrenia?
Psicose em que o doente perde o contato com a realidade, e vive num mundo imaginário que para si próprio criou.
(fonte: Michaelis)

"Em Futuro de uma Ilusão, Freud (1962) escreveu: Religião seria assim a neurose obsessiva universal da humanidade... A ser correta essa conceituação, o afastamento da religião está fadado a ocorrer com a fatal inevitabilidade de um processo de crescimento… Se, por um lado, a religião traz consigo restrições obsessivas, exatamente como, em um indivíduo, faz a neurose obsessiva, por outro, ela abrange um sistema de ilusões plenas de desejo com um repúdio da realidade, tal como não encontramos, em forma isolada, em parte alguma senão na amência, em um estado de confusão alucinatória beatífica…".
(fonte: Religião, espiritualidade e transtornos psicóticos)

25 maio 2014

E SE DEUS FOR UMA CRIANÇA?

A humanidade sempre foi, e continua sendo, movida por ideias. Se ela é problemática e neurótica, então é porque essas ideias o são também. Como exemplo de ideia equivocada, podemos citar a da necessidade de adoração a um Deus. Apesar de ridícula e infantil, ela é uma ideia muito importante porque toda a nossa sociedade está impregnada dela, já que ela nos é enfiada goela adentro desde o dia em que nascemos. O equívoco aí não está nem tanto no fato de aceitarmos esse conceito, e sim na importância exagerada que damos a isso, e é nisso que está a ridicularia e a neurose: o invisível (Deus) passa a ser mais importante do que o visível (seres humanos) e focamos as nossas mentes mais no futuro (o Céu) do que no presente (o aqui e agora).

No meu ponto de vista, essa ideia esquizofrênica é a origem primordial de todos os nossos males, e é a que deve ser atacada em primeiro lugar, pois ela nos escraviza na base das nossas vidas e assim não nos deixa viver com plenitude, com todo o potencial que temos de ser felizes e livres. Até mesmo quando competimos financeiramente querendo enriquecer a todo custo ou buscamos o poder e a autoridade de quaisquer formas que sejam, na verdade estamos inconscientemente com o intuito de conquistar o status de deuses, de tão arraigados que estamos à essa noção; ou seja, fomos programados para pensar que quanto mais poder ou bens materiais tivermos, mais abençoados seremos e mais perto de Deus estaremos. Além do que, sabemos, mesmo que intuitivamente, que toda a Criação está fundamentada numa estrutura hierárquica de poder, o que já é um mau exemplo, mas não me vejo obrigado a concordar com isso; se o Criador não pode fazer uma obra menos agressiva e dolorida, o problema deveria ser dele e não nosso.

A tudo isso soma-se a questão de que ir contra essa corrente é não fazer parte do rebanho e ser taxado de no mínimo politicamente incorreto e no máximo de satanista, além de correr o risco de não ser bem quisto aos olhos de Deus, o Todo-Poderoso. Para mim, não importa que a Bíblia mesmo sendo baseada nos ensinamentos de avatares como da estirpe de um Cristo, ou o Alcorão que foi ditado pelo Arcanjo Gabriel a outro avatar não menos qualificado como o Maomé, diga o contrário e supervalorize a ideia de Deus. Aliás, inclusive, o Cristianismo e o Islamismo são exemplos claros e indubitáveis do quão a religião é nefasta e tem prejudicado a instauração da união no mundo. Portanto, se o Estado ou o Sistema Econômico são prejudiciais, de nada vai adiantar eliminá-los ou corrigi-los se a Igreja continuar existindo.

Toda revolução tem que nascer de dentro para fora de nós, e continuaremos todos a sofrer enquanto cada um de nós não tiver aprendido a viver. Se reza fosse sinônimo de vida plena, o nosso planeta já teria se transformado num paraíso há muito tempo, o que está longe de se tornar uma realidade. Mas não alcançamos isso ainda não é porque a nossa essência seja má, muito pelo contrário, são apenas as ideias que temos seguido, e por milênios, é que são ruins e não valeram a pena.

Enquanto houver um Deus separando os homens entre si, não haverá paz na Terra. Logo, a nossa salvação não está também na tecnologia, pois ela apenas dá conforto ao homem, mas não o transforma. Mesmo que a ideia de Deus fosse completamente erradicada a partir de hoje, somente as gerações futuras teriam a chance de viver em perfeita liberdade, já que nós estamos envenenados por essa ideia infeliz e carregaremos esse estigma incorrigível desde o nosso nascimento até a nossa morte. Essas gerações teriam que "rezar" muito para que não aperecesse mais nenhum "Salvador" por aí, mesmo que assessorado por algum anjo trapalhão, querendo reavivar o sentimento religioso, e principalmente se fosse utilizando poderes paranormais como instrumento de marketing de suas doutrinas, poderes esses que tem a única função de avocar seguidores, pois são facilmente interpretados como milagres pelos leigos nesses assuntos, mas que não mudam nada e não servem para nada além disso. Assim, na minha singela opinião: "o buraco é bem mais embaixo".

Nesse exato momento me passou uma ideia estranha... E se Deus for uma criança?



27 abril 2014

BAKUNIN, DEUS E O ESTADO

"O cristianismo é precisamente a religião por excelência, porque ele expõe e manifesta, em sua plenitude, a natureza, a própria essência de todo o sistema religioso, que é o empobrecimento, a escravização e o aniquilamento da humanidade em proveito da divindade."
Mikhail Aleksandrovitch Bakunin

Em seu livro "Deus e o Estado", Bakunin — um dos precursores do Anarquismo —, com muita propriedade, cultura e sobriedade, cospe na religião, esbofeteia a cara de Deus, e ainda dá um chute na bunda do nosso Criador; em nome da paz e da liberdade de todos os seres humanos.



Nesse vídeo, o Prof. Tiago Menta dá detalhes da vida desse líder anarquista russo Mikhail Bakunin (1814-1876):



Para ver um trecho do livro clique aqui.

13 abril 2014

RUPTURAS

Se a vida fosse uma parede, cada tijolo dela seria uma ruptura. Há solução de continuidade por todos os lados da vida. Florescem as rotas entrecortadas, os desvios irrompidos, os caminhos torcidos. Pululam os laços desatados, as despedidas e as feridas das partidas. A vida é rica em anelo quebrado ao meio, devido a sua realização que não veio. Viver é ter para depois perder, é obter o que com certeza um dia vai desaparecer. E esse ter para depois perder, é sofrer, é morrer um pouco toda vez que se deixa de possuir o que se desejava continuar a se ter. Assim, ter é, em primeiro lugar, uma esperança de sofrer quando o que se tem deixar de se ter. Então, viver é ter que sofrer, já que tudo o que se tem um dia vai-se perder.



11 abril 2014

PASTORES DO AXÉ

Quando tinha os meus 4 anos de idade, ainda no final da década de 1950, eu morava em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Minha família era protestante e, portanto, nós não tínhamos vínculo com a maioria das tradições da Igreja Católica. Naqueles tempos, eram muito comuns em BH as tais das procissões, mas, por isso, a gente nunca participava, porém às vezes saíamos eu e os meus pais à rua para assistir a passagem desses cortejos. Eu gostava bastante de ver aquilo, era uma celebração muito bonita. Mas o que eu gostava mesmo era do astral que vinha acompanhando aquele grupo de pessoas: assombroso e metafísico; para uma criança, é claro. Numa dessas procissões que fomos assistir, já era noite escura, iluminada mais pelas velas acesas dos séquitos, quando eu ao olhar para a imagem de Jesus deitado e ensanguentado repousando sobre um belo estrado cuidadosamente enfeitado, que era carregado por alguns homens e que passava na nossa frente naquele instante e bem próximo de mim, entrei em transe. Só sei que é uma experiência muito forte para qualquer criança, e aquilo ficou indelevelmente gravado nos meus neurônios.

O problema mesmo dessa doutrina, o cristianismo, não seria nem o fato dela estar em franca ascensão, já que, hoje em dia, estranhamente nós podemos assistir um culto pela TV ou até mesmo pelo rádio, e sim a questão de que ela está se desvirtuando das suas origens a cada dia. Isso é um grande problema. Eu adorava ir ao culto, era um verdadeiro espetáculo de fé, mas não daquela fé que ama um dinheirinho no bolso, egoísta; voltada unicamente para a auto-ajuda, principalmente econômica, e muito distante do altruísmo do cristianismo original. Uma fé que gosta de fazer escândalo, e ainda de propagar isso por todas as mídias possíveis. O evangélico de hoje, sob a égide da cruz de Jesus e doutrinado nesse pensamento cristão atual, é capaz de pisar na cabeça dos outros para provar perante a sociedade que é um "abençoado", financeiramente falando.

Eu via muita gente entrar em transe, principalmente nos dias do batismo, que era uma cerimônia impressionante; as pessoas ficavam em "alfa, beta, gama e teta". Às vezes eu sonhava com o meu dia de batismo, mas tinha medo de ali na hora me dar um troço, e ainda mais em público, pois seria o dia em que Cristo entraria dentro de mim, e nunca mais sairia. Eu estaria preenchido de Cristo para sempre, ou seja, eu também seria um Cristo, e essa glória seria tão grande que eu acho que desmaiaria. Os pastores tinham a calma e a sabedoria dos juízes, e eles não precisavam fazer muito esforço para provar isso. Se esses antigos pastores vissem os atuais, que só o que fazem é rebolar e cantar hinos em ritmo de axé em cima do púlpito, eles imediatamente chamariam o pessoal do hospício para fazer um resgate. Nada contra o axé, e sim contra esses recentes "pastores do axé". E, também, nada contra o rebolado, mas tudo tem a sua hora e o seu lugar. Contudo, se pudéssemos ver nessa atitude pelo menos um culto sincero à alegria, seria até louvável; mas nós sabemos muito bem que a intenção única e cínica é mesmo popularizar essa doutrina para que se possa avocar com facilidade cada vez mais fiéis, principalmente aqueles mais incultos e sem um senso crítico religioso, e assim os seus dízimos poderem engordar os bolsos desses pastores. Nunca vi, nos inúmeros cultos que presenciei, nenhum pastor se exaltar, a não ser quando a gente sentia que era meio como se ele estivesse realmente sendo tocado pela mão do Cristo, por ser um de seus pastores, cuja função, não posso esconder-lhes, já cheguei a almejar no primeiro período da minha vida, até a adolescência, época em que tomei contato pela primeira vez com as teorias da vida após a morte e da reencarnação, que infundiram em mim um desinteresse cada vez maior pelo cristianismo, à medida que eu me aprofundava nesses assuntos. Portanto, antigamente, não tinha isso de ficar gritando nos cultos. Aliás, não se gritava nada. E ai de quem gritasse ali, além de ter que ser expulso daquela reunião, seria também chamado de mal-educado. Ninguém tinha ataques, esperneava ou estrebuchava no chão. Os hinos eram lindos, maravilhosos, e acompanhados sempre e apenas por um melancólico piano. Tanto as letras quanto as melodias nos enlaçavam e nos arremessavam para outras esferas: "...  Oh! Quantas vezes eu te chamei, e tu negaste a minha lei, escuta a voz do teu Senhor: segue-me, segue-me...".

Atualmente, não só os pastores são falsos, como também as suas ovelhas.