11 novembro 2020

SOCIALISMO NÃO É BONDADE, É SOCIABILIDADE

A necessidade da ajuda aos pobres, tão defendida pela esquerda, não advém do seu sentimento de bondade ou do que convencionou-se chamar de politicamente correto, como insiste irritadamente a direita que é mais afeita ao discurso de ódio. A esquerda tem um pé na sociedade e o outro no meio acadêmico, e se pauta no estudo objetivo e concreto das relações sociais, na práxis, na realidade histórica, no materialismo histórico e dialético; sem dúvida com um olhar muito crítico, mas, em princípio, científico, racional. Mas, dizer isso, é a explicação do óbvio, é a explicitação do raciocínio lógico, que são aspectos relegados pela direita, que é rigidamente ideológica e moralista por natureza, já que é arraigada à tradição, ou seja, a valores antiquados, retrógrados, e, assim, sem consonância com os fatos e seus dados. Karl Marx foi um crítico contumaz do capitalismo e defensor do socialismo e dos trabalhadores, não porque ele tinha uma alma bondosa e amava os pobres, mas porque ele valorizava a racionalidade acima de qualquer coisa, até mesmo das divindades; e, para desenvolver a sua teoria, teve que passar boa parte da sua vida encafurnado em bibliotecas, num trabalho de pesquisa exaustivo. Como vivemos em uma sociedade, e, portanto, somos interdependentes, isto é, necessitamos uns dos outros, é natural e importante que os mais necessitados sejam ajudados para que não se marginalizem e criem ainda mais problemas para essa sociedade. O custo desses problemas, tanto em termos sociais quanto econômicos, é maior do que o que se gastaria com esse auxílio. E, por incrível que pareça, os ricos é que seriam os mais beneficiados com a paz e a harmonia social, pois viveriam com maior tranquilidade e segurança, e enriqueceriam ainda mais e continuamente, sem as crises recorrentes do sistema financeiro, já que o pobre continuaria pobre mas agora com um poder aquisitivo suficiente para consumir mais e melhor, e assim manter a roda do capitalismo girando. Isso é um conceito básico da economia, mas que é rejeitado pelos empresários ensandecidos pelo lucro imediato. Dizem que o homem é um ser social, e, feliz ou infelizmente, temos que viver em sociedade, pelo menos por enquanto, pois talvez um dia a tecnologia nos permita viver solitários ou pelo menos apenas com aqueles com os quais desejemos viver, quando então poderemos habitar a Lua, Marte, ou outro astro qualquer por aí; e, nesse dia, o socialismo e o esquerdismo vão morrer no mesmo momento, por falta total de necessidade da defesa da SOCIABILIDADE. Existem muitos aspectos positivos em viver em sociedade, mas também existem inúmeros outros que são repugnantes, como ser obrigado a suportar a neurose e a ignorância dos outros, mas enquanto tivermos que viver assim seremos obrigados logicamente a lutar pelo equilíbrio da coletividade, e não pelo seu caos, ou seja, pelo cada um por si e Deus por todos, como apregoam também os liberais. A esquerda não é "boazinha", ela é analítica, culta, metódica, sistemática. Enquanto que a direita, sim, é ignorante, burra mesmo, e tem como outra característica principal o individualismo exacerbado, o qual muitas vezes despenca para a sociopatia.