26 maio 2015

O MARXISMO NA ACADEMIA DO SÉCULO 21 (Parte 1)

"A economia política marxista explica a estrutura e a dinâmica do capitalismo, e ela pode ajudar a identificar os pontos de tensão no tecido histórico e, com isso, ela apoia tanto estudos empíricos quanto conclusões políticas sugerindo onde a pressão política pode facilitar transformações sociais. A partir do monopólio dos meios de produção pelos capitalistas, da generalização da relação salarial e da difusão das trocas mercantis, a teoria marxista do valor atinge conclusões fundamentais sobre a estrutura e a dinâmica da acumulação capitalista incluindo a estrutura de classe, os conflitos sociais, o sistema de preço, o sistema de crédito, o sistema financeiro, a distribuição. Essas conclusões oferecem diretrizes para estudos empíricos detalhados, e elas podem informar as políticas econômicas. Mas nada disso sugere que a análise marxista nos fornece uma chave mágica para entender a realidade e muito menos para transformar a realidade. O marxismo foi usado desde o final do século 19 por movimentos sociais e políticos que conseguiram sucessos muito importantes frequentemente a um custo elevadíssimo, mas ele foi usado também para justificar crimes abomináveis. E essa herança ambivalente é o destino de todas as teorias sociais influentes. Mas, em contraste com outras teorias sociais, o marxismo oferece também um aparato conceitual e teórico que pode ser usado para avaliar suas próprias experiências, que pode informar sua renovação e que pode apoiar movimentos progressistas e transformadores no século 21."
Prof. Alfredo Saad



O MARXISMO NA ACADEMIA DO SÉCULO 21 (Parte 2)

"O Estado não é uma peça isolada que apareceu do nada, sem nenhum lastro estrutural com a realidade, e que nos resta tomá-lo nas mãos e dizer: 'Agora é meu, e, se for meu, agora tem a minha cor, o meu jeito, meu ritmo, meu tempo, meu horizonte'. Marx ensina que na política o fundamental, o estrutural, são as formas da sociabilidade capitalista: a mercadoria, o valor de troca, a lógica que faz com que todos os trabalhadores do mundo sejam pessoas que se vendem à exploração do capital, a separação do capital em relação aos trabalhadores. Tudo isso é o fundamental do capitalismo; ou nós tocamos isso, ou o resto não faz nada. Ou seja, o que faz o Estado? o Estado em geral administra isso, só que não é administrar no sentido de alguém pegar as rédeas disso e, como se fosse algo neutro, dissesse: você vai pra lá, ou vai pra cá. O Estado está talhado estruturalmente para funcionar conforme o capital. O Estado não é ocasionalmente capitalista, ele é necessariamente capitalista. Tanto é assim que na Idade Média, que é feudal, não existe Estado; existe senhor feudal, mas Estado não existe. O Estado é capitalista, ele existe na lógica do capitalismo e somente nela; daí que então Marx e Engels insistem muito dizendo que 'termômetro' de socialismo não é quando o Estado passa a dominar tudo, e sim quando o capitalismo na sua base produtiva, nas suas relações de produção, estiver perecendo e junto também venha a perecer o próprio Estado. Por isso, por exemplo, a União Soviética, no auge do stalinismo, não gostava muito de Marx, porque Stalin precisava fortalecer o Estado soviético no meio de um 'concerto' de outros Estados capitalistas do mundo; e o índice do socialismo não é um Estado socialista forte, e sim o fim das relações de produção capitalistas e, por decorrência, o fim do Estado. Isso é o horizonte mais belo, e ele é tão bonito para nós: uma sociedade sem domínio, na qual os trabalhadores possam inclusive fazer valer sua vontade."
Prof. Alysson Leandro Mascaro



CONSUMO CÍCLICO

Nosso uso de um sistema monetário baseado no lucro e orientado ao "crescimento" tornou-se um dos maiores destruidores do mundo natural e de valores humanos sustentáveis. A economia global, como um todo, exige "consumo cíclico" para funcionar, o que significa que o dinheiro deve estar constantemente em circulação. Assim, novos bens e serviços devem ser constantemente introduzidos, independentemente da situação do meio ambiente e da real necessidade humana. Esta abordagem "perpétua" tem uma falha fatal quanto aos recursos que, como sabemos, simplesmente não são infinitos. Recursos são finitos e a Terra é, essencialmente, um sistema fechado. Assumir a necessidade de consumo constante como forma de manter as pessoas empregadas e, assim, manter a continuidade do sistema de mercado, é "eco-cídio" em um planeta finito. O verdadeiro objetivo de uma economia, por definição, é preservar e criar eficiência estrategicamente. O sistema atual exige o oposto.
fonte: http://movimentozeitgeist.com.br




25 maio 2015

ANTONIO GRAMSCI E A REVOLUÇÃO CULTURAL

"Ao se apropriar da cultura de massas, cria-se o conjunto das condições que formam não a posição econômica na sociedade mas sim a imaginação do ser humano nessa sociedade. Dá-se a ele uma cosmovisão, uma visão do todo e, portanto, de certa forma, totaliza-se a consciência dele para que ele se transforme em um agente revolucionário, e muitas vezes sem ele perceber. Segundo Gramsci, para apossar-se da superestrutura  — estruturas do poder social — é preciso antes de mais nada se apropriar da cultura, porque assim haverá, durante o lapso de uma geração ou duas, ou até três, uma modificação da forma como as pessoas pensam, e assim também do conjunto das condições reais às quais esses indivíduos irão agir — hegemonia cultural. Para se apropriar da cultura é conveniente selecionar quais livros entram no mercado — seletividade editorial. E quem vai selecionar? é essencial um grupo mobilizado, o qual Gramsci chama de intelectuais orgânicos. É necessário que, antes de fazer a revolução, tome-se a sociedade na sua consciência através dessa hegemonia cultural, ou seja, antes de se chegar à superestrutura deve-se já trabalhar na cultura para que as pessoas pensem e combinem em tudo o que se deseje fazer; modificando-se assim a consciência dos indivíduos para que eles ajam segundo os padrões da revolução, porque eles vão ser educados, instruídos, para serem agentes revolucionários. Quem vai coordenar esse processo para que ele não desencane? é o grupo daqueles que conhecem e estabelecem o projeto de tomada do poder e da hegemonia, e ao mesmo tempo coordenam as ações temporais concretas para se chegar lá, a saber: não ir muito com excesso e também não faltar demais, mas ir lenta e gradualmente estabelecendo a hegemonia e, portanto, a revolução. Para o Gramsci a revolução não é uma revolução armada, e sim cultural; e essa revolução tem que ser coordenada por aqueles que estão à frente do processo de tomada do poder, isto é, pelos intelectuais orgânicos, os quais formam um outro grupo chamado partido político para que aja politicamente, formam também os meios de comunicação que são aqueles que vão ter a opinião pública na mão, e formam ainda a classe universitária para que ela — 'esclarecida' — possa cada vez mais introjetar e formatar a hegemonia cultural num nível mais alto do que o dos meios de comunicação. Dessa forma, temos: ação política, ação social e ação intelectual coordenadas por um mesmo grupo. Então, na sociedade, é como se tivéssemos uma pirâmide dividida em classes. Gramsci divide as superestruturas impositivas, em: família, escola, Igreja, sindicatos, partidos políticos, Estado e Economia; e a revolução e a hegemonia não podem tomar de uma hora para outra a economia para modificar os meios de produção, a mudança tem que vir de baixo para cima, tem-se que primeiro destruir a família, depois destruir a verdadeira educação, em seguida destruir a Igreja, e por fim os sindicatos e os partidos políticos a não ser os seus próprios, para que aí se tome o Estado; e, tomando-se o Estado, paulatinamente acabe-se com a oposição e, acabando-se com a oposição, conquiste-se hegemonicamente a sociedade inteira. Mas... destruir a própria família? sim, porque a família, segundo Gramsci, é uma estrutura fundamentada na burguesia; a moral cristã, que é a base da família na civilização ocidental, é uma moral burguesa."
Prof. Marcus Boeira

(texto extraído do vídeo Marx e Gramsci)




14 maio 2015

CIÊNCIA E DOMINAÇÃO

Qual seria o defeito da Ciência?
"A Ciência sempre calcula, e ela passa a vender-se, a colocar-se no mundo, como dona de uma verdade que se basta no cálculo. A racionalidade da Ciência é a racionalidade do cálculo, mas esse cálculo é insuficiente para estabelecer uma compreensão desse mundo, que escapa da própria racionalidade. No fundo, a Ciência vai se transformar em ideologia e se estabelecer como uma verdade absoluta perante o mundo, e perante o senso comum inclusive. E assim ela perde a sua própria característica fundamental quando se limita a fazer a crítica e a análise do mundo sem também fazê-las em relação a si mesma. É preciso se estabelecer então uma crítica da Ciência, que, sobretudo, tem que ser uma autocrítica da Ciência. A sociedade está baseada numa racionalidade administrativa, que combina muito bem com a racionalidade da Ciência, a qual é a racionalidade da técnica. Porém, a racionalidade técnica é a racionalidade da dominação, que é o controle da vida das pessoas: a determinação do que vai acontecer com essas pessoas, de como elas vão desejar e necessitar de alguma coisa, de como elas vão se comportar diante do mundo."
Márcia Tiburi



Márcia Tiburi é graduada em filosofia (PUC-RS) e artes (UFRGS), e mestre (PUC-RS, 1994) e doutora em filosofia (UFRGS, 1999). Publicou diversos livros e ensaios sobre filosofia. É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Mackenzie; e professora convidada da Fundação Dom Cabral. Realiza palestras sobre filosofia, ética e educação.
site: http://www.marciatiburi.com.br/
blog: http://revistacult.uol.com.br/home/category/blog-marcia-tiburi/


A RELIGIÃO E A TERCEIRIZAÇÃO DAS ESCOLHAS EXISTENCIAIS

"A fé é um compromisso existencial com alguma crença, e geralmente as pessoas vivenciam essas crenças dentro de uma religião. O problema é que se tem todo o investimento da pessoa — tudo aquilo que ela é, as habilidades dela, as suas capacidades — projetado em algo fora dela. Então, as religiões e as crenças religiosas em geral fazem com que as pessoas não pensem por si mesmas, e levam a uma dependência e à sensação de que o ser humano precisa de algum modo ser submisso a alguma coisa fora dele. Daí é que se estabelece o poder religioso, o controle sobre as consciências e a terceirização das escolhas existenciais."
Marcelo da Luz (professor de Conscienciologia)




11 maio 2015

MILAGRE OU PARAPSIQUISMO?

"A prova da divindade de Jesus eram os milagres. Mas, se nós formos analisar profundamente o fenômeno, nós vamos ver que Jesus incorre, como tantos outros místicos incorreram, no engano parapsíquico. Esse engano parapsíquico seria não assumir a condição de que o desenvolvimento do parapsiquismo é algo ínsito a qualquer um de nós, é uma capacidade da consciência, é uma manifestação da consciência. Uma vez que você é capaz de se comunicar com dimensões extrafísicas, ou vivenciar uma série de fenômenos que ultrapassam a materialidade do mundo — a condição corpórea —, você faz isso enquanto é um ser que é capaz de desenvolver algo que é inerente à nossa condição. E isso não significa que o que as pessoas chamam de poderes paranormais — ou poderes espirituais, ou fenômenos extrassensoriais —, sejam uma revelação divina, ou sejam milagres; porque eles são coisas que estão dentro do próprio âmbito, da própria capacidade da nossa consciência. Então, muito da religião encontra origem na interpretação falsa de fenômenos parapsíquicos. Jesus atribui tudo o que ele faz enquanto fenômeno parapsíquico ao 'Pai', à figura de Deus, então um poder sobrehumano, e ele não leva os seus seguidores a desenvolver essas capacidades; ou, se ele faz em alguns momentos, é sempre dizendo que esse poder vem do alto. Então, as pessoas não têm condição, ou a possibilidade, de se autodesenvolverem; você sempre tem necessidade, e o cristianismo acabou fincando muito isso na consciência do mundo, de que tudo o que é bom no ser humano tem que vir de outra instância superior, que o ser humano não é capaz por si mesmo de eleger valores, de constituir esses valores e de chegar a uma plenitude — se você faz algo de bom é porque isso você recebeu."
Marcelo da Luz  (professor de Conscienciologia)




JESUS CRISTO x APOLÔNIO DE TIANA

Será que a humanidade tem cultuado a pessoa errada?
Será que o mito criado em torno de Jesus foi um engano da história, ou uma ação estratégica e política do Império Romano e mais tarde reafirmada pela Igreja com esse mesmo propósito?

Esse vídeo a seguir do Prof. Jarbas Paranhos tem a resposta:

Nesse outro vídeo, o médium Waldo Vieira tem mais algumas considerações a esse respeito: