13 abril 2014

RUPTURAS

Se a vida fosse uma parede, cada tijolo dela seria uma ruptura. Há solução de continuidade por todos os lados da vida. Florescem as rotas entrecortadas, os desvios irrompidos, os caminhos torcidos. Pululam os laços desatados, as despedidas e as feridas das partidas. A vida é rica em anelo quebrado ao meio, devido a sua realização que não veio. Viver é ter para depois perder, é obter o que com certeza um dia vai desaparecer. E esse ter para depois perder, é sofrer, é morrer um pouco toda vez que se deixa de possuir o que se desejava continuar a se ter. Assim, ter é, em primeiro lugar, uma esperança de sofrer quando o que se tem deixar de se ter. Então, viver é ter que sofrer, já que tudo o que se tem um dia vai-se perder.



Um comentário:

  1. Cara e Coroa
    Existe o outro lado da moeda. Nem tudo é perdido. Entre o ter e o deixar de se ter, pode existir um tempo, um lugar, um sentido que muda tudo quando já não mais se tem. O sofrimento da perda é compensado por todo o momento que se teve... que se viveu. As vezes mesmo curto, foi de tamanha intensidade, profundidade e importância que torna-se personificada a felicidade e a beleza se irradia. Deixam cicatrizes de vida (marcas de satisfação), vidas que foram vividas em sua plenitude.
    E nos desencontros da vida, podemos reconstruir o sentido esvaído, recriando caminhos de realização. Então, ter, pode ser a esperança e a concretização de momentos prorrogáveis, e/ou docemente inesquecíveis.
    postado por Dolores Rosa

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