25 fevereiro 2014

O ASCETISMO É ANTISSOCIAL

É redundante dizer que o ascetismo é antissocial. E é por isso que eu, particularmente, não o vejo com bons olhos. Creio que o social deve sempre prevalecer sobre o individual.

O ascetismo tem uma predominância fenomenal no hinduísmo. Mas, de que adianta a Índia ser o berço da espiritualidade da nossa civilização, enquanto o seu povo é um dos que mais sofrem no nosso planeta. Somando-se a esse sofrimento, os indianos, na sua maioria, nascem e morrem na mais completa ignorância e pobreza.

Um dos mais famosos ascetas indianos foi, e continua sendo, o Babaji. Mas um homem como ele, que preferiu ficar isolado, acendendo fogueirinhas de gravetos nas florestas do norte da Índia e rodeado de apenas uns poucos discípulos, ao invés de lutar pelo seu povo e de ter uma participação ativa e direta na sociedade, não merece da minha parte o menor respeito. E pode ter o poder paranormal que for. Ele não foi poderosíssimo? então por que ele não usou os seus imensos poderes para solucionar a miséria do seu próprio país? Se eu tivesse a possibilidade de ter a ventura de ser um Babaji da vida, e poder materializar palácios, eu iria montar uma linha de produção, ou melhor, de materialização de palácios, e eu iria materializar pelo menos um palácio por dia, e iria doá-los à população carente do meu país. Para que assim os meus irmãozinhos mais necessitados pudessem ter uma moradia digna. Eles iriam ficar supercontentes com isso, pois eu estaria quebrando um grande galho para eles e resolvendo um de seus principais problemas. E, depois que eu tivesse resolvido o problema do meu país, eu iria dar um rolé pelo mundo afora resolvendo o mesmo problema nos outros países.

Está bem claro para mim que nessa linha do Yoga não é o merecimento que conta mais, e sim uma espécie de networking espiritual: Babaji realiza Mahasaya, Mahasaya realiza Yukteswar, Yukteswar realiza Yogananda, Ramakrishna realiza Vivekananda, Vivekananda realiza Aurobindo, e assim por diante. Todos esses grandes sábios tiveram muitos poderes psíquicos, mas esses poderes não tiveram nenhuma utilidade prática no progresso da humanidade como um todo. Não mudaram nada, e não serviram para nada. Não é difícil perceber que essa linhagem iniciada por Krishna é composta por homens e mulheres bastante espiritualizados, porém excessivamente rústicos e incultos na sua maioria, e que só poderiam ter mesmo a floresta e suas cavernas como seu melhor habitat. Eles preferem viver entre os macacos do que entre nós outros, seus irmãos. Se Babaji tivesse sido um professorzinho de uma escolinha lá no cafundó da Índia, ele teria feito um benefício à humanidade muito maior do que o fomento do Kriya Yoga. A Índia é completamente incompatível com o mundo moderno, por conta dessa selvageria religiosa instaurada pelos seus sábios na consciência dos seus conterrâneos.

Isso tudo sem falar do excessivo consumo de haxixe pelos seus sadhus, e da aberração e bizarrice dos Aghoris. Eu só não consigo entender como que a benevolência de um ser como Deus possa depender da pessoa se encafurnar numa gruta e passar a vida toda ali rezando. E o pior é que dá resultado mesmo, Deus também apóia esse tipo de atitude, infelizmente. Isso me leva a crer que o nosso Criador, além de infantil, é da mesma forma bastante selvagem. E não precisa nem irmos muito longe, o próprio Bigbang é a maior prova cabal dessa brutalidade da "Divina Mãe".

Se eu também pudesse ter a bem-aventurança de ser um Sai Baba da vida, eu faria com que saísse ouro não apenas da minha goela, mas também de todos os orifícios possíveis e imagináveis do meu corpo físico. Inclusive do meu fiofó, e haja hemorróida, hein?! E, nessa condição de ser uma "galinha dos ovos de ouro", eu encheria as carrocerias de caminhões e mais caminhões com todo esse ouro, e o 
transformaria em recursos financeiros para acabar com a miséria, o analfabetismo, os problemas de saúde e de falta de uma boa alimentação, as injustiças sociais e a ignorância do meu país, pois a ignorância é um câncer. Além disso, eu iria construir uma universidade gratuita e de excelente qualidade em cada esquina com esta dinheirama toda, e ainda iria sobrar muito dinheiro, que eu poderia investir, por exemplo, na parte de lazer dos meus irmãos. Mas o Sai Baba, apesar da sua caridade que poderia ser bem maior se ele tivesse um pouquinho mais de visão naquele "Terceiro Olho" que nós temos no centro das nossas bundas, preferiu mais espargir o misticismo corruptor de consciências, iludindo as pessoas com os seus espetáculos circenses, enquanto no entorno, a alguns quilômetros do seu ashram, a população não sabe nem como consegue sobreviver, por causa da labuta que isso exige.

É preciso dizer também que a tal caridade que tanto se apregoa no Bhakti Yoga, com absoluta certeza não se fundamenta no amor ao próximo, e sim numa artimanha para se angariar bônus divinos e se obter mais rápidas "queimas" de carmas. Krishna tem que ser deposto do seu trono celestial, para que ele pare de uma vez por todas de propalar essa malignidade da promoção de um modo de vida antisocial. Se bem que o mundo atual, de um modo geral, não dá a menor bola para o que acontece na Índia, e muito menos para Krishna e seus seguidores.

Namastê para todos vocês.


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