28 fevereiro 2014

A CORPOROCRACIA

Texto extraído do vídeo ZEITGEIST Addendum

Todos os impérios do passado foram criados militarmente, e todos sabiam que estavam sendo criados dessa forma. Os britânicos, franceses, alemães, romanos, gregos, tinham orgulho disso e tinham sempre alguma desculpa para como levar a civilização ou uma religião. Mas todos sabiam o que estava acontecendo. Nós, atualmente, não. A maioria das pessoas não faz ideia de que vive às custas de um império clandestino, e que hoje em dia há mais escravidão no mundo do que em qualquer outra época.

Então perguntamos: se isso é um império, quem é o imperador? Obviamente, não são os presidentes dos países. Um imperador não é eleito, não tem tempo de mandato e não dá satisfações a ninguém. Não podemos classificar os presidentes assim, mas temos o que podemos considerar um equivalente, que é o que chamamos de "Corporocracia".

A corporocracia é liderada por um grupo de indivíduos que gerem as grandes empresas, e agem realmente como os imperadores desse império. Controlam a mídia, direta ou indiretamente através da publicidade, e controlam a maioria dos políticos, porque financiam as suas campanhas tanto por meio das corporações quanto por doações pessoais. As corporações não são eleitas, não cumprem um tempo de mandato ou dão satisfações, e no topo da corporocracia não conseguimos saber se os líderes trabalham para as corporações ou para o governo, porque estão sempre trocando de posição. Numa hora temos alguém que é presidente de uma grande construtora, e em seguida ele passa a ser vice-presidente dos EUA, ou um presidente que vem do ramo petrolífero. Isso é válido para republicanos e democratas, pois ambos tem líderes trocando de posição entre essas áreas. De certa forma, o nosso governo é invisível a maior parte do tempo, mas as suas políticas são aplicadas pelas corporações, em um nível ou em outro, e novamente as políticas do governo basicamente são criadas pela corporocracia e apresentadas pelos líderes políticos, criando uma relação muito profunda.

Isso não é uma teoria da conspiração, essas pessoas não se reúnem no meio da noite para criar uma trama. Todas elas trabalham a partir de uma premissa básica, que é a maximização de lucros sem ter em consideração os custos sociais e ambientais.

"Maximizar lucros, independentemente do impacto social e ambiental."

Esse processo de manipulação pela corporocracia através de dívidas, suborno e derrubada política, chama-se "Globalização". Assim como a Reserva Federal mantém o público americano numa posição de serventia, através da dívida, inflação e juros, o Banco Mundial e o FMI executam essa função em escala global.

O esquema básico é simples: coloque um país em dívida, seja com empréstimos, ou corrompendo o líder desse país, e depois imponha "condicionantes" ou "políticas de ajuste estrutural", que normalmente consistem em desvalorização da moeda. Quando o valor da moeda cai, cai também o valor de tudo a que ela está associada. Isso torna os recursos locais disponíveis aos países predadores por uma fração do seu valor. Ocorrem também grandes cortes nos fundos para programas sociais, que incluem normalmente a educação e a saúde, comprometendo o bem-estar e a integridade de uma sociedade, deixando o público vulnerável à exploração. Outra questão é a privatização de empresas estatais, que significa que sistemas sociais importantes podem ser comprados e regulados por empresas estrangeiras para lucrar.

Por exemplo, em 1999, o Banco Mundial insistia em que o governo boliviano deveria vender o sistema público de água da terceira maior cidade à subsidiária americana Bechtel. Assim que isso se concretizou, as contas de água, dos já empobrecidos residentes, dispararam. Só quando se deu uma revolta em massa pelo povo é que o contrato com a Bechtel foi anulado.

Depois, existe a liberalização do comércio, ou a abertura da economia, removendo quaisquer restrições ao comércio externo. Isso permite uma série da manifestações econômicas abusivas, tais como corporações multinacionais introduzirem os seus próprios produtos produzidos em massa, subcotando as produções locais e arruinando suas economias. Um exemplo disso é a Jamaica, a qual, após ter aceito empréstimos e condicionantes do Banco Mundial, perdeu o seu maior mercado lucrativo devido à concorrência de importações. Hoje, inúmeros agricultores estão sem trabalho, já que não conseguem competir com as grandes companhias. Além disso, devido à produção desregulamentada, a destruição ambiental é perpétua, já que os recursos de um país são, na maioria das vezes, explorados por corporações indiferentes ao despejo deliberado de enormes quantidades de poluição.

Além disso, um olhar sobre o desempenho recorde do Banco Mundial revela que a instituição, que afirma publicamente ajudar países a desenvolverem-se e a aliviarem a pobreza, não faz mais nada senão aumentar a pobreza e a má distribuição de riqueza, enquanto os lucros das empresas sobem. Em 1960, a diferença de ganho entre os 5 países mais ricos do mundo, e os 5 países mais pobres era de 30 para 1. Em 1998, era de 74 para 1. Enquanto o PIB mundial cresceu 40% entre 1970 e 1985, o número de pessoas em situação de pobreza, na verdade, aumentou 17%. Enquanto que entre 1985 e 2000, os que viviam com menos de um dólar por dia aumentou 18%. Até o Comitê Econômico do Congresso Americano admitiu existir uma mera taxa de sucesso de 40% de todos os projetos do Banco Mundial. No final dos anos 60, o Banco Mundial interviu no Equador com grandes empréstimos. Durante os 30 anos seguintes, a pobreza cresceu de 50% para 70%. A taxa de subemprego e desemprego cresceu de 15% para 70%. A dívida pública aumentou de 240 milhões para 16 bilhões, enquanto que a parte dos recursos reservada para os pobres desceu de 20% para 6%. No ano 2000, 50% do orçamento nacional do Equador teve que ser alocado para pagar as suas dívidas.

É importante entender que o Banco Mundial, na verdade, é um banco americano, que apoia interesses americanos. Já que os EUA detem poder de voto sobre as decisões, sendo o maior fornecedor de capital. Das 100 principais economias do mundo, baseadas em PIB anual, 51 são corporações. E 47 dessas 51 são de base americana.

(mais informações sobre a Corporocracia podem ser obtidas na Wikipedia, no link http://pt.wikipedia.org/wiki/Corporocracia)




Um comentário:

  1. zeitgeist. pode ser melhor alternativa para manter um equilibrio definitivo. Caso contrario iremos retroceder para segunda era das trevas.

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