"Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser."
— Goethe
São dignos de pena esses "capitalistas de carteira assinada", com salário fixo, isto é, que independe da lucratividade da empresa, mas que, mesmo assim, são ferrenhos defensores do capitalismo. Inconscientes de que são escravizados pela burguesia, esses escravos, de tão alienados, não conseguem perceber que o burguês é um oportunista que aproveita a condição dele de ser um detentor dos meios de produção, e as distorções naturais desse sistema econômico, para explorar o trabalhador e enriquecer às custas da pobreza alheia. Alguns desses escravos vão mais longe ainda nessa submissão cega, e se preocupam e ocupam-se em criar ferramentas de otimizaçao dos processos administrativos e financeiros, em desenvolver inovadoras estratégias de marketing, etc., para aumentar o enriquecimento unicamente dos seus senhores, já que o deles mesmo é geralmente inalcançável. Além disso, direta ou indiretamente, eles propalam o senso comum da sociedade no que tange ao endeusamento do empreendedorismo, sem saberem que, na realidade, estão contribuindo para a perpetuação do escravismo gerado pelo capital. Esse tipo de escravização não difere muito daquele do período colonial, só que agora o senhor dos escravos resolveu não dar-lhes mais casa e comida, achou melhor deixar eles se virarem por conta própria pagando-lhes uma remuneração mensal e invariável, e usando também a artimanha de transformá-los em consumidores. Enquanto esses escravos atuais labutam, a burguesia retém para si a maior parte do lucro, muitas vezes não trabalha, e fica em casa fumando o seu charuto e esperando, sossegada e confortavelmente, o lucro cair em seu colo, da mesma forma como acontecia antigamente. Ou seja, essencialmente, nada mudou, aliás, mudou sim: agora o escravo não tem consciência da sua escravidão.
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