Em 1955, Rosa Parks se negou a ceder a um branco o seu assento em um ônibus. O ato foi um marco no movimento antirracista nos Estados Unidos.
Em Montgomery, capital do Alabama, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. Atrás vinham os assentos nos quais os negros podiam sentar-se. Rosa Parks tomou um desses ônibus a caminho do trabalho para casa e sentou-se num dos lugares situados no meio do ônibus. Quando o motorista – branco – exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks se negou a cumprir a ordem. Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão.
O protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. A partir daí, o Conselho Político Feminino organizou um boicote de ônibus urbanos, como medida de protesto contra a discriminação racial no país. Martin Luther King foi um dos que apoiaram a ação. Parks ficou conhecida como a "mãe dos movimentos pelos direitos civis" nos EUA.
Em 1956, a Corte Suprema norte-americana aboliu a segregação racial nos ônibus de Montgomery.
Angela Davis (1944) é uma professora e filósofa socialista americana que alcançou notoriedade mundial na década de 1970 como integrante do Partido Comunista dos EUA e dos Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos e por ser personagem de um dos mais polêmicos e famosos julgamentos criminais.
Estudar Angela Davis é tarefa essencial para nos aprofundarmos nas questões de nosso tempo. Suas obras revelam um olhar apurado, uma perspectiva revolucionária sempre por viés anticapitalista, sexista e antirracista.
No seu livro "Mulher, raça e classe", da Editora Boitempo, Angela Davis inicia sua análise pela escravidão, porque a mão de obra escrava representava muito para a economia da época, e mostra como o racismo é um elemento estruturante e deve ser tido como fundamental para uma análise profunda de sociedades com herança escravagista. Uma análise econômica deve passar necessariamente por essa questão, pelo fato do racismo ser uma de suas bases de sustentação.
Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nessa época, ela se tornou a mulher mais procurada dos EUA. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.
Angela Davis apoiou e defendeu o Partido dos Panteras Negras desde o seu surgimento. Ela estava estudando na Europa quando o partido foi fundado e, quando soube dessa nova fase do movimento negro, resolveu voltar para os EUA. De fato, ela foi membro do Partido dos Pantera Negras. Entre 1967 e 1968, Angela trabalhou no escritório do partido em Los Angeles, na parte de educação política. Ela fez muita coisa com eles. Porém, em 1968, ela também entrou para o Partido Comunista, mas a direção dos Panteras Negras proibiu a dupla filiação, e ela foi então obrigada a escolher um dos partidos. Angela ficou com o Partido Comunista, mas continuou tendo boas relações com os Panteras Negras, e trabalhou com eles até o fim desse partido.
Nietzsche influenciou o século 20 inteiro, e vai continuar influenciando no século 21. Em um tempo em que não se tem o anseio de ir além de si mesmo, é nesse momento que, por investir tanto na conservação e já nem se pensar que o homem é algo para ser superado, no meio dessa sociedade que investe na conservação, surgem então esses que vão apontando para outras direções, na filosofia, na ciência e na arte; e, aí, a gente vai e bebe disso para que possamos também fazer algo com isso. Tal como disse Foucault: eu uso Nietzsche como caixa de ferramentas; e o Foucault criou a obra dele porque bebeu daí.
Marighella (Salvador, 1911 - São Paulo, 1969) foi o maior inimigo da ditadura militar no Brasil, sua vida foi um grande ato de resistência e coragem. Este líder comunista e parlamentar foi vítima de prisões e torturas, e tornou-se famoso por ter redigido o Manual do Guerrilheiro Urbano. Maior nome da militância de esquerda no Brasil dos anos 60, atuou nos principais acontecimentos políticos do Brasil entre os anos 1930 e 1969, ano em que foi assassinado por policiais em uma emboscada.
Clara Charf (Maceió, 1925) é uma militante comunista e feminista. Criada no Recife, começou a militar no PCB em 1945. Viveu duas ditaduras e teve que ficar clandestina por quase 20 anos, ao lado de Carlos Marighella. Foi presa, ficou viúva, morou em Cuba; mas não larga o sorriso do rosto e nem a vontade de transformar o país.
No dia 15 de agosto de 1969, a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização que teve entre seus dirigentes o guerrilheiro Carlos Marighella, realizou uma audaciosa operação na cidade de São Paulo. Diferente de outras ações ousadas da época como o assalto ao trem pagador ou o sequestro do embaixador dos EUA, o objetivo dessa não era obter dinheiro e nem a libertação de presos políticos, mas a transmissão de um manifesto pelas ondas do rádio, o meio de comunicação com maior alcance no país. "Atenção, muita atenção! Senhoras e senhores: tomamos esta emissora para transmitir a todo o povo uma mensagem de Carlos Marighella". Com essa abertura, os ouvintes da Rádio Nacional paulista, afiliada da Rede Globo, foram alertados sobre o conteúdo que seria transmitido a seguir.
Foi escrito por Marighella em 1969, para servir de orientação aos movimentos revolucionários. Circulou em versões mimeografadas e fotocopiadas, algumas diferentes entre si, sem que se possa apontar qual é a original. Nesta obra, detalhou táticas de guerrilha urbana a serem empregadas nas lutas contra governos ditatoriais. Nos anos 80, a CIA – Central Inteligence Agency, dos Estados Unidos, fez traduções em inglês e espanhol para distribuir entre os serviços de inteligência do mundo inteiro e para servir como material didático na Escola das Américas, por ela mantida, no Panamá.
Marighella - Mil Faces de um Homem Leal (Racionais MCs) A postos para o seu general Mil faces de um homem leal A postos para o seu general Mil faces de um homem leal Protetor das multidões Encarnações de célebres malandros De cérebros brilhantes Reuniram-se no céu O destino de um fiel, se é o céu o que Deus quer Consumado, é o que é, assim foi escrito Mártir, Mito ou Maldito sonhador Bandido da minha cor Um novo messias Se o povo domina ou não Se poucos sabiam ler E eu morrer em vão Leso e louco sem saber Coisas do Brasil, super-herói, mulato Defensor dos fracos, assaltante nato Ouçam, é foto e é fato a planos cruéis Tramam 30 fariseus contra Moisés, morô Reaja ao revés, seja alvo de inveja, irmão Esquina revelam a sina de um rebelde, óh meu Que ousou lutar, honrou a raça Honrou a causa que adotou Aplauso é pra poucos Revolução no Brasil tem um nome Vejam o homem Sei que esse era um homem também A imagem e o gesto Lutar por amor Indigesto como o sequestro do embaixador O resto é flor, se tem festa eu vou Eu peço, leia os meus versos, e o protesto é show Presta atenção que o sucesso em excesso é cão Que se habilita a lutar, fome grita horrível A todo ouvido insensível que evita escutar Acredita lutar, quanto custa ligar? Cidade chama vida que esvai por quem ama Quem clama por socorro, quem ouvirá? Crianças, velhos e cachorros sem temor Clara meu eterno amor, sara minhas dores Pra não dizer que eu não falei das flores Da Bahia de São Salvador Brasil Capoeira mata um mata mil, porque Me fez hábil como um cão Sábio como um monge Antirreflexo de longe Homem complexo sim Confesso que queria Ver Davi matar Golias Nos trevos e cancelas Becos e vielas Guetos e favelas Quero ver você trocar de igual Subir os degraus, precipício Ê vida difícil, ô povo feliz Quem samba fica, Quem não samba, camba Chegou, salve geral da mansão dos bamba Não se faz revolução sem um fuga na mão Sem justiça não há paz, é escravidão Revolução no Brasil tem um nome A postos para o seu general Mil faces de um homem leal A postos para o seu general Mil faces de um homem leal Marighella Essa noite em São Paulo um anjo vai morrer Por mim, por você, por ter coragem em dizer
Em 1976, o general Jorge Rafael Videla iniciava na Argentina a mais sanguinária ditadura militar da América do Sul. Durante os 7 anos do regime, de 1976 a 1983, os militares assassinaram ao redor de 30 mil civis, entre eles, crianças e idosos, além do sequestro de 500 bebês, filhos das desaparecidas. Essa ditadura foi um fracasso tanto na área militar como na esfera econômica. A dívida externa subiu de US$ 8 bilhões para US$ 45 bilhões, a inflação de 182% para 343% anual, a pobreza de 5% para 28%, a participação da indústria no PIB caiu de 37,5% para 25%, e a corrupção se agravou.
A suposta inferioridade do negro e a crença na supremacia de um grupo sobre outro foram sustentadas pela ciência do século XIX, com o intuito de justificar a escravização de negros. O período escravagista foi marcado pela forma animalizada e coisificada de como o africano era tratado, uma estratégia que resultou na construção de uma imagem desumanizada do negro, e na desconstrução de sua identidade. Outra herança da escravização é o conjunto de atributos destinado ao negro, que permanece vivo e atuante no inconsciente coletivo. A sua exclusão do processo produtivo, após a abolição, promoveu uma situação social na qual foram reforçados estigmas e estereótipos, tais como: "incompetentes, preguiçosos e indolentes, malandros, sujos, marginais...". Essas representações, mediadoras das relações interétnico-raciais, mantêm e reproduzem o racismo.
"O racismo é estrutural e estruturante das relações sociais e da formação dos sujeitos. Não há, mesmo entre as pessoas que não aceitam esse tipo de violência, qualquer tipo de ação política efetiva para se voltar contra isso. Ou seja, nós, de alguma maneira, naturalizamos a violência contra as pessoas negras."
"Se ser de esquerda é ser contra a ordem das coisas, ser de esquerda e não entender que o racismo é estruturante das relações sociais no país é ter miopia política. E achar que é possível ser de direita e ser contra o racismo, também é miopia política."
Dennis de Oliveira é professor de Jornalismo na ECA/USP. Possui graduação em Comunicação Social (1986), e mestrado (1992) e doutorado (1998) em Ciências da Comunicação pela USP.
"Em certo sentido, a direita tem razão quando se identifica com a tranquilidade e com a ordem. A ordem é a diuturna humilhação das maiorias, mas sempre é uma ordem — a tranquilidade de que a injustiça siga sendo injusta e a fome faminta."
— EDUARDO GALEANO
Eduardo Galeano (1940 - 2015) foi um jornalista e escritor uruguaio. Autor de mais de quarenta livros, traduzidos em diversos idiomas. Suas obras combinam ficção, jornalismo, análise política e História.
Saul Alinsky (1909 - 1972), ativista e escritor, foi o maior arquiteto da esquerda atual norte-americana. Se Antonio Gramsci pode ser mencionado como o idealizador de uma estratégia, Alinsky é como se fosse um gerente. Gramsci como um estrategista, Alinsky como um elaborador de táticas para se alcançar a estratégia. Aliás, Alinsky não se distancia em momento algum da estratégia gramsciana. Na realidade, ele ensina a implementá-la.
No seu livro "Rules for Radicals: A Practical Primer for Realistic Radicals", publicado em 1971, Alinsky, baseando-se em lições que ele aprendeu com as suas experiências como organizador de comunidades nos EUA, entre 1939 e 1971, cria um guia para as novas gerações de radicais sobre como agir em projetos de conquista de poder para alavancar vantagens no jogo político em relação aos conservadores de direita.
"Para que não nos esqueçamos de pelo menos um reconhecimento irônico da primeira e mais radical de nossas lendas, mitologias e história (e quem é que sabe onde a mitologia termina e começa a história — ou qual é qual), o primeiro radical da história humana, o qual se rebelou contra a classe dominante e fez uma rebelião tão eficaz que pelo menos ganhou seu próprio reino: Lúcifer."
"Se você não consegue vender a ideia da liberdade, você é um idiota. A liberdade está na essência do homem, na sua corrente sanguínea, e é uma vergonha que o nosso lado faça a defesa dessa ideia de maneira tão tediosa." ANDREW BREITBART
Andrew Breitbart (Los Angeles, 1969 - 2012) foi um editor, escritor, comentarista do Washington Times e ativista conservador norte-americano. Autor de "Righteous Indignation: Excuse Me While I Save The World!", um livro que serve como um manual didático para provocadores conservadores e expõe a visão de Breitbart de como a direita pode "retomar o controle da narrativa Americana" combatendo o "Complexo midiático Democrata". A reverência a Andrew Breitbart beira a adoração heroica dentro do movimento conservador moderno. fontes: - Um pouco de Andrew Breitbart - Os 13 Livros que todo jovem conservador deve ler
Não me amarra dinheiro não Mas formosura Dinheiro não A pele escura Dinheiro não A carne dura Dinheiro não Moça preta do Curuzu Beleza pura Federação Beleza pura Boca do rio Beleza pura Dinheiro não Quando essa preta começa a tratar do cabelo É de se olhar Toda a trama da trança Transa do cabelo Conchas do mar Ela manda buscar pra botar no cabelo Toda minúcia Toda delícia Não me amarra dinheiro não Mas elegância Não me amarra dinheiro não Mas a cultura Dinheiro não A pele escura Dinheiro não A carne dura Dinheiro não Moço lindo do Badauê Beleza pura Do Ilê Aiê Beleza pura Dinheiro yé Beleza pura Dinheiro não Dentro daquele turbante do filho de Gandhi É o que há Tudo é chique demais Tudo é muito elegante Manda botar Fina palha da costa e que tudo se trance Todos os búzios Todos os ócios Não me amarra dinheiro não Mas os mistérios
As mazelas do capitalismo compartilham com as crianças as condições de existência adversas ao mundo infantil. Assim, as crianças têm sua infância transfigurada pela voracidade do mercado, do consumo e do próprio progresso tecnológico.
Um país não pode crescer, ser verdadeiramente desenvolvido, justo e saudável se não trata com prioridade, carinho e respeito suas crianças. A devida atenção à infância só será garantida numa sociedade em que não seja o lucro o principal, e sim a vida humana.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Brock, em Ontário, Canadá, e publicada na revista Psychological SCIENCE, revelou que as pessoas que apoiam a ideologia política de direita tendem a ser menos inteligentes do que as de esquerda. Os pesquisadores afirmaram que as habilidades cognitivas são essenciais para a formação das impressões que formamos sobre os outros, e são fundamentais para a pessoa desenvolver uma "mente aberta". Os indivíduos com habilidades cognitivas inferiores geralmente têm ideologias mais conservadoras, pois defendem a manutenção do status quo. A ideologia de direita proporciona uma sensação de ordem, e atrai pessoas com baixa capacidade de raciocínio, mais carregadas de valores racistas e xenófobos, porque elas se sentem mais seguras com essa linha de pensamento.
"A inteligência é inimiga da direita, o propósito deles é acabar com a cultura e com a educação. Um dos projetos do imperialismo para o Brasil é acabar com o ensino público, com todo ele."