25 maio 2014

E SE DEUS FOR UMA CRIANÇA?

A humanidade sempre foi, e continua sendo, movida por ideias. Se ela é problemática e neurótica, então é porque essas ideias o são também. Como exemplo de ideia equivocada, podemos citar a da necessidade de adoração a um Deus. Apesar de ridícula e infantil, ela é uma ideia muito importante porque toda a nossa sociedade está impregnada dela, já que ela nos é enfiada goela adentro desde o dia em que nascemos. O equívoco aí não está nem tanto no fato de aceitarmos esse conceito, e sim na importância exagerada que damos a isso, e é nisso que está a ridicularia e a neurose: o invisível (Deus) passa a ser mais importante do que o visível (seres humanos) e focamos as nossas mentes mais no futuro (o Céu) do que no presente (o aqui e agora).

No meu ponto de vista, essa ideia esquizofrênica é a origem primordial de todos os nossos males, e é a que deve ser atacada em primeiro lugar, pois ela nos escraviza na base das nossas vidas e assim não nos deixa viver com plenitude, com todo o potencial que temos de ser felizes e livres. Até mesmo quando competimos financeiramente querendo enriquecer a todo custo ou buscamos o poder e a autoridade de quaisquer formas que sejam, na verdade estamos inconscientemente com o intuito de conquistar o status de deuses, de tão arraigados que estamos à essa noção; ou seja, fomos programados para pensar que quanto mais poder ou bens materiais tivermos, mais abençoados seremos e mais perto de Deus estaremos. Além do que, sabemos, mesmo que intuitivamente, que toda a Criação está fundamentada numa estrutura hierárquica de poder, o que já é um mau exemplo, mas não me vejo obrigado a concordar com isso; se o Criador não pode fazer uma obra menos agressiva e dolorida, o problema deveria ser dele e não nosso.

A tudo isso soma-se a questão de que ir contra essa corrente é não fazer parte do rebanho e ser taxado de no mínimo politicamente incorreto e no máximo de satanista, além de correr o risco de não ser bem quisto aos olhos de Deus, o Todo-Poderoso. Para mim, não importa que a Bíblia mesmo sendo baseada nos ensinamentos de avatares como da estirpe de um Cristo, ou o Alcorão que foi ditado pelo Arcanjo Gabriel a outro avatar não menos qualificado como o Maomé, diga o contrário e supervalorize a ideia de Deus. Aliás, inclusive, o Cristianismo e o Islamismo são exemplos claros e indubitáveis do quão a religião é nefasta e tem prejudicado a instauração da união no mundo. Portanto, se o Estado ou o Sistema Econômico são prejudiciais, de nada vai adiantar eliminá-los ou corrigi-los se a Igreja continuar existindo.

Toda revolução tem que nascer de dentro para fora de nós, e continuaremos todos a sofrer enquanto cada um de nós não tiver aprendido a viver. Se reza fosse sinônimo de vida plena, o nosso planeta já teria se transformado num paraíso há muito tempo, o que está longe de se tornar uma realidade. Mas não alcançamos isso ainda não é porque a nossa essência seja má, muito pelo contrário, são apenas as ideias que temos seguido, e por milênios, é que são ruins e não valeram a pena.

Enquanto houver um Deus separando os homens entre si, não haverá paz na Terra. Logo, a nossa salvação não está também na tecnologia, pois ela apenas dá conforto ao homem, mas não o transforma. Mesmo que a ideia de Deus fosse completamente erradicada a partir de hoje, somente as gerações futuras teriam a chance de viver em perfeita liberdade, já que nós estamos envenenados por essa ideia infeliz e carregaremos esse estigma incorrigível desde o nosso nascimento até a nossa morte. Essas gerações teriam que "rezar" muito para que não aperecesse mais nenhum "Salvador" por aí, mesmo que assessorado por algum anjo trapalhão, querendo reavivar o sentimento religioso, e principalmente se fosse utilizando poderes paranormais como instrumento de marketing de suas doutrinas, poderes esses que tem a única função de avocar seguidores, pois são facilmente interpretados como milagres pelos leigos nesses assuntos, mas que não mudam nada e não servem para nada além disso. Assim, na minha singela opinião: "o buraco é bem mais embaixo".

Nesse exato momento me passou uma ideia estranha... E se Deus for uma criança?